quinta-feira, 29 de junho de 2023

26 anos depois

Foto: reprodução (via Google)


Fui ao meu primeiro concerto de música clássica aos 14 anos, no dia 15 de dezembro de 1994*, em João Pessoa.

Era um concerto de Natal com a Orquestra Sinfônica da Paraíba, no palco principal do Espaço Cultural [José Lins do Rego].

Pouco depois (ou pouco antes, não lembro) comprei meus primeiros CDs de música clássica, sem falar que minha mãe, ao mesmo tempo, comprava e guardava pra mim a coleção "Joias da música", que vinha na revista Caras.

Foram dez volumes.

Dentre os CDs que comprei, numa loja no centro de João Pessoa, estava um com as Bachianas brasileiras 2, 4 e 8, com Jesús López-Cobos regendo a Orquestra Sinfônica de Cincinnati.

Guardo esse álbum até hoje e foi por meio dele que me apaixonei pela Bachianas brasileiras n° 2, pela sua orquestração finíssima e singular: com madeiras solo mais um saxofone**, piano, metais sem trompete e tuba e com uma vasta percussão em O trenzinho do caipira.

** Só há poucos anos descobri que eram dois saxofones: um tenor, nos três primeiros movimentos, e um barítono, em O trenzinho do caipira.

Mais impressionante foi ouvir instrumentos típicos brasileiros (ganzá, reco-reco, maracas, matraca... fora pandeiro, caixa e triângulo, que são de uso comum na música sinfônica) serem usados no último movimento não para fazer batuque, não para abrasileirar a coisa, mas pelo efeito sinéstico, para nos fazer imaginar um trem ganhando força, embalando a viagem dos passageiros, parando em uma estação no meio do caminho e freando aos poucos, até o breque final.

Essa orquestração me impressionou tanto que eu, ao vir a compor minhas peças sinfônicas, de 2014 para cá, procuro sempre incluir um piano e, às vezes, o sax tenor.

Porém, a única vez em que havia ouvido a Bachianas brasileiras n° 2 foi também no Espaço Cultural, desta vez no então Cine Banguê (pronuncia-se com trema abolido), hoje Sala de Concertos Maestro José Siqueira.

Foi com a Orquestra Filarmônica do Norte-Nordeste, no dia 16 de junho de 1997*, regida por Aylton Escobar e participação de Claudette Soares cantando duas Serestas do Villa (Na paz do outono e Modinha) e arranjos de bossa nova.

* Recorri à minha caixa de arquivo morto com programas de concertos para reavivar esses detalhes.

A segunda vez foi ontem, dia 28 de junho de 2023, com Lanfranco Marcelletti Jr. regendo a Orquestra Sinfônica do Recife.

Quando eu soube do programa, cerca de três semanas atrás, me agendei e, na terça de noite, pedi a Zé Renato [Accioly], com quem trabalho na Orquestra Criança Cidadã, que reservasse um ingresso pra mim. Ele ainda me deu carona da sede da OCC para o Santa Isabel, embora não tenha podido ficar, por estar adoentado.

Fiquei em uma frisa com Marilea Gomes, colega musical de longa data; o flautista James Strauss, que também conheço há um bom tempo, e a atual gestora do Conservatório Pernambucano de Música, Janete Florêncio.

Fiquei guardando o lugar de Janete, que chegou primeiro à frisa. Depois chegou Marilea e começamos a conversar. Perguntei por Rose [Hazin, a gestora anterior] e comentei que não conhecia a gestora atual. Aí ela me disse que era a que tinha chegado primeiro.

O concerto começou, vi toda a Bachianas 2 e me despedi. Janete me perguntou se eu não iria ver o Rach 2, com um pianista convidado chinês, residente no Texas (onde Lanfranco atualmente leciona).

Eu disse que não e me despedi dos três.

"Vim pra ver Villa-Lobos, só por ele", respondi, resumindo muito a história acima, e parti.

***

Conheça mais sobre os grandes nomes do frevo: http://editora.cepe.com.br/autor/carlos-eduardo-amaral

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