No domingo (27) a estátua do poeta pernambucano de Palmares, localizada no Cais da Alfândega, foi desfigurada. Um dia depois, descobriu-se que havia sido por obra de um doente mental, mas a comoção persistiu: danificar qualquer uma das estátuas do chamado Circuito da Poesia é um crime simbólico e de fato para os recifenses. Por isso, registro um desagravo pessoal reproduzindo um poema de Ascenso musicado posteriormente por outro grande nome das artes em Pernambuco.
Maracatu
Zabumba de bombos,
Estouro de bombas,
Batuques de ingonos,
Cantigas de banzo,
Rangir de ganzás...
- Luanda, Luanda, onde estás?
Luanda, Luanda, onde estás?
As luas crescentes
De espelhos luzentes,
Colares e pentes,
Queijares e dentes
De maracajás...
- Luanda, Luanda, onde estás?
Luanda, Luanda, onde estás?
A balsa do rio
Cai no corrupio
Faz passo macio,
Mas toma desvio
Que nunca sonhou...
- Luanda, Luanda, onde estou?
Luanda, Luanda, onde estou?
***
Esse poema foi musicado em 1999 por Marlos Nobre e integra as Três canções negras, op. 88. Está logo no primeiro movimento.
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