Mateus Rosada. Foto: Facebook. |
"Vi uma lacuna enorme sobre São Paulo. E há também pouquíssima sobre o barroco do Sul do Brasil, do Mato Grosso, Goiás, Piauí, Maranhão, mas fechei só no paulista porque senão eu não daria conta", explica o pesquisador. Segundo ele, apesar de existirem obras que tratem de uma ou duas igrejas em específico, há apenas um livro que trata especificamente do barroco paulista como um conjunto, de autoria de Percival Tirapelli (Igrejas paulistas: Barroco e Rococó). "Os demais falam do Brasil todo e abortam também São Paulo, e o de Tirapeli trata de fazer uma análise artística, e não arquitetônica", completa o orientando da professora olindense Maria Ângela Bortolucci.
Igreja da Ordem Terceira do Carmo, Santos - 4a. fase, rococó. Fotos: Mateus Rosada. |
Update: Mateus preparou um álbum de fotos em seu perfil no Facebook e o disponibilizou também no Flickr. Leia um pouco mais sobre a pesquisa, abaixo.
Estou pesquisando a documentação em arquivos sobre as 108 igrejas urbanas (não dava pra analisar também as capelas rurais, pois o volume ficaria impraticável) remanescentes do período de 1600 a 1870 no atual Estado de São Paulo. Assim, dá pra ver a evolução desde a as igrejas ainda maneiristas, passando pelo barroco, pelo rococó e chegando até a uma transição para o neoclassicismo.
Algumas observações que já são possíveis de perceber é que, mesmo com muita influência mineira e fluminense, há padrões de ornamentação que só encontramos em São Paulo, especialmente no período do Rococó (fim do século XVIII e início do XIX, bastante tardio), quando houve um grupo que fez muitos altares e repetiram um padrão por um raio de mais de 100km ao redor da capital.
Há também outras três correntes (com unidade de elementos de ornamentação) que já foi possível perceber em atuação: uma de barroco joanino que atuou no litoral e na capital, em meados do século XVIII, e outras duas de influência fluminense (uma rococó e uma mais neoclássica), presentes no Vale do Paraíba no fim do século XVIII e início do XIX também.
Igreja Chagas do Seráfico, São Paulo - imagem e altar de N.S. da Conceição ((Luiz Francisco Lisboa, 1736), 3a. fase, joanino. |
Outra coisa que dá pra perceber nitidamente é que as igrejas paulistas desse período (1600-1870) são mais simples que as cariocas, mineiras, pernambucanas e baianas (a Bahia ainda é um caso à parte, pois metade das igrejas do Estado foram reformadas no início do século XIX e são neoclássicas).
Não existe, por exemplo, em São Paulo (que pena, eu adoraria que tivesse) nenhuma igreja de talha contínua, aquelas em que os entalhes começam no altar, sobem pelas paredes laterais da capela-mor e vão até o teto, em que tudo é entalhado (como na Capela Dourada do Recife, ou a Igreja de São Francisco da Bahia, ou a da Ordem Terceira da Penitência do Rio). Não há aqui. A ornamentação é mais simples, mais contida e até as cores são uma pouco mais apagadas, queimadas, e um pouco mais frias.
Outra coisa que acontece aqui é que quase não há exemplares "puros": no século XX, principalmente, os imigrantes pintaram os interiores com uma padronagem e cores que não são do barroco, trocaram pisos, reformaram fachadas. Coisa doida.
Igreja de N. S. da Candelária (1780) - detalhe |
Olá, meu nome é sueli, sou fotografa e estou com um projeto de parecido com o seu. estou realizando uma pesquisa sobre as igrejas paulistas, principalmente as rurais, quero fotografa-las e fazer uma exposição das fotos valorizando a arte empregada em sua arquitetura. em minhas pesquisas tmb senti falta de documentação e fontes de pesquisa. Gostaria de saber como esta sua pesquisa e se vc pode me ajudar.
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