sexta-feira, 9 de maio de 2014

Relato de uma CSF

Fotos: Carla Pereira/arquivo pessoal.
Tenho menos três pessoas do meu círculo de amizade que estão participando do programa Ciência Sem Fronteiras, do governo federal, e decidi conversar com uma delas para saber como é o cotidiano (e como foi o processo de seleção) de um CSF.

A petrolinense Carla Pereira está morando em Athens, no Estado norte-americano de Ohio, desde meados de 2013 e cursa inglês no Programa de Inglês Intensivo de Ohio, no nível pré acadêmico. No próximo semestre, ela iniciará as aulas de enfermagem na Ohio University e passará mais um ano em estudos, antes de voltar ao Brasil.

Prestes a receber a visita de seus pais, Carla explicou também em seu depoimento que estava entre os estudantes selecionados para estudar em Portugal e que depois tiveram de escolher um país de língua inglesa, após o Ciência Sem Fronteiras excluir as universidades lusitanas de seu escopo.

Quando comecei a pesquisar sobre o programa, logo quis me inscrever porque sempre foi o meu sonho fazer intercâmbio, e principalmente nessas condições. A primeira coisa que fiz foi procurar os requisitos para a inscrição, e vi que eu preenchia todos eles.

Uma grande preocupação foi o idioma, pois precisaríamos ter um certo conhecimento sobre ele para sermos selecionados. O meu interesse era vir para um país de língua inglesa, porém eu sabia que não tinha domínio suficiente para passar no TOEFL, que é um teste de proficiência em inglês.

Na época, Portugal apareceu como uma boa opção, pois não seria preciso nenhum teste de proficiência. Então, optei por ele (a minha chamada é a 127, a chamada tão comentada por todos). Durante o processo de homologação dos resultados, nós que íamos para Portugal fomos informados para escolher um outro país de destino e entre eles estava os EUA, onde estou hoje.

Essa realocação veio com muitos benefícios para nós estudantes que não tínhamos o domínio de outra língua. No meu caso, o programa ofereceu o TOEFL e curso de inglês. Já aqui, o programa estendeu o que então seria um só de inglês só por seis meses para um ano. E agora que estamos completando um ano, somos obrigados a pagar cadeiras acadêmicas, caso contrário, teremos que voltar ao Brasil.




Sempre tive um sonho de fazer intercâmbio, então, quando surgiu essa oportunidade, tentei sem pensar duas vezes. Não é fácil sair do seu país e vir para outro, com uma cultura diferente e hábitos diferentes (aqui nós temos contato com muitas outras culturas além da principal americana. Eu estudo com árabes, japoneses, chineses, peruanos, colombianos e outros), mas é uma experiência incrível da qual nunca vou me arrepender de ter me arriscado nela.

Só tenho a agradecer a oportunidade de que nos foi dada para aperfeiçoar um idioma, aprender mais sobre nosso campo de estudo e aprender sobre diferente culturas. Estou terminando meus dois semestres de inglês e  durante o verão estarei cursando algumas matérias do acadêmico na área de Enfermagem.

Eu já vim com uma boa bagagem de inglês, porém ainda senti muita dificuldade quando cheguei. O estudo aqui não é fácil, o ritmo de aulas, as atividades para casa e as atividades extracurriculares são bastantes. Enganam-se os que pensam que o Ciência Sem Fronteira é só viagem, diversão, e férias.

Nós estudamos muito, são muitas noites acordados, trabalhos bem feitos, provas quase todos os dias e não podemos perder aula sem uma razão plausível. Enganam-se os que pensam que vivemos de fotos na internet de viagens e noites de festa, porém isso não transparece todos os outros dias de trabalho árduo que temos. Nos feriados e férias, como outros estudantes, temos o nosso direito de viajar e conhecer o país. Infelizmente, há pessoas que não estão levando a sério o programa, que não se dedicam devidamente a intenção de aprender. O que muitas pessoas donas da verdade não percebem é que isso há em todos os lugares.

Relatórios são enviados para os nossos responsáveis constantemente, então eles estão por dentro do nosso desempenho e do nosso comportamento. Muitos estudantes foram enviados de volta ao Brasil alguns dias atrás, e apesar de muitos julgarem o grupo, eu reafirmo que o estudo é árduo, aprender um outro idioma em um ano não é fácil, e tenho certeza que os que voltaram trouxeram na bagagem muitas coisas boas e que serão úteis durante a vida de cada um.

Quando o programa nos deu esse desafio de aprender um outro idioma em poucos meses, os responsáveis deveriam saber que nem todos estariam aptos a ir pro acadêmico ao final do tempo proposto. Apesar da ótima iniciativa, o programa precisa ainda se aperfeiçoar para que não haja mal entendidos e contestações por parte dos brasileiros.


Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução apenas parcial, salvo outra sob acerto prévio, citando-se a fonte e o link de origem em qualquer em qualquer circunstância.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Postagem em destaque

Interminável - Pré-venda

Poucos momentos antes de começarem mais uma reunião, os integrantes de uma associação de operários no interior de Pernambuco recebem uma car...