MÚSICA CLÁSSICA
CLELIA IRUZUN
Marlos Nobre – Piano Music
Lorelt
Impecável registro das obras pianísticas mais destacadas do compositor pernambucano. Com leitura cuidadosa e pleno controle de tempo e dinâmica, a pianista carioca radicada em Londres logrou interpretações consistentes de todo o repertório, comparáveis às o próprio compositor, em particular por imprimir a energia e o senso rítmico requeridos em boa parte das peças, como na Homenagem a Arthur Rubinstein e no 4° ciclo nordestino.
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DIVERSOS
CHRIS CABIANCA
Chris Cabianca
Azul Music
Influenciada pelos musicais da Broadway, e aperfeiçoada nas técnicas de canto específicas desse universo vocal (além de já ter composto um espetáculo do gênero), a cantora paulistana apresenta seu primeiro álbum autoral, onde assina a letra de sete das dez canções, de variados estilos. Dentre os bem-escritos arranjos, de autoria do também especialista em musicais Corciolli, se sobressai a versão em bossa nova da tradicional canção inglesa Scarborough fair.
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INSTRUMENTAL
ITIBERÊ ZWARG & GRUPO
Identidade
Delira Música
O amálgama de jazz e ritmos brasileiros, a ousada harmonia bitonal e a inspiração despertada por momentos triviais e encontros familiares. Em Identidade, Itiberê Zwarg, o parceiro musical mais frequente de Hermeto Pascoal, parte de uma gravação de infância para ir reconstruindo sua identidade sonora, ao lado de seu grupo musical (formado por familiares e amigos) – sem rédeas e com muito engenho.
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BLUES
RODICA
Blues is in my blood
Delira Música
As fontes são as mais variadas: soul, folk, R&B, jazz. Mas a argamassa que os une é o blues – na voz da cantora Rodica Weitzman, norte-americana radicada no Brasil, e da banda que a acompanha, a Blues Groovers. A interpretação da set list, que inclui compositores standard e contemporâneos, como ela própria (autora da faixa-título), conta com convidados conhecidos em nível nacional, em especial o gaitista Flávio Guimarães, integrante da Blues Etílicos.
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Vitor Araújo
SOLIDÃO E MATURIDADE
A/B dá a entender claramente que o repertório do novo disco de Vitor Araújo tem dois lados. As quatro primeiras faixas, nomeadas de Solidão, constituem o lado A; já nas quatro últimas, o virtuosismo substitui a compenetração durante o mergulho em águas agitadas caras a Vitor: o rock e os ritmos nacionais (o baião e o jongo, neste álbum). Porém, quem conhece o pianista recifense irá atestar que falar de "lado B" cai bem à trajetória artística. O Vitor Araújo que se arriscava a danificar as teclas do piano com seus pisões descalculados de All Star e magnetizava mais pela performance do que pela técnica não existe mais – graças ao Altíssimo. "Graças" porque pudemos transcender aquelas discussões polarizantes entre o gosto do grande público, conquistado pelo inegável carisma do músico, e as ressalvas da imprensa especializada, que se dava conta da infrutífera tarefa de explicar o que é uma interpretação crossover e uma intervenção numa partitura (estou incluso neste grupo). A ida para São Paulo afetou Vitor da melhor maneira possível, sem que isso queira dizer que as experiências lá possam ter sido somente boas – buscar expressar a solidão de quatro formas diferentes é algo sintomático –, mas então, quando surge esse tipo de questionamento, a prudência nos manda exercer o benefício da dúvida. "É arte tirada da vivência, mas tome isso como arte", talvez reforçasse Vitor, em sua timidez (pessoal, não nos palcos). Cabe dizer que ele não rompeu com nada do que tenha feito antes em termos musicais. Radiohead ressoa em Pulp. E Baião carrega muito da Dança do índio branco de Villa-Lobos, tão querida a Vitor (o ostinato de ambas as obras nasce no mesmo registro do piano, fora a similaridade nas figurações rítmicas da mão direita). Aliás, quem gostar de Baião, escolhida para o clipe de divulgação do disco, pode começar a ouvir, sem medo, Guarnieri, Santoro, Mignone e afins: é peça de genuína linguagem nacionalista dos anos 1930, com mais contemporaneidade nos toques acusmáticos de Yuri Queiroga – uma das participações especiais do CD, junto com Naná Vasconcelos, Rivotrill e Macaco Bong.
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução apenas parcial, salvo outra sob acerto prévio, citando-se a fonte e o link de origem em qualquer em qualquer circunstância.
CLELIA IRUZUN
Marlos Nobre – Piano Music
Lorelt
Impecável registro das obras pianísticas mais destacadas do compositor pernambucano. Com leitura cuidadosa e pleno controle de tempo e dinâmica, a pianista carioca radicada em Londres logrou interpretações consistentes de todo o repertório, comparáveis às o próprio compositor, em particular por imprimir a energia e o senso rítmico requeridos em boa parte das peças, como na Homenagem a Arthur Rubinstein e no 4° ciclo nordestino.
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DIVERSOS
CHRIS CABIANCA
Chris Cabianca
Azul Music
Influenciada pelos musicais da Broadway, e aperfeiçoada nas técnicas de canto específicas desse universo vocal (além de já ter composto um espetáculo do gênero), a cantora paulistana apresenta seu primeiro álbum autoral, onde assina a letra de sete das dez canções, de variados estilos. Dentre os bem-escritos arranjos, de autoria do também especialista em musicais Corciolli, se sobressai a versão em bossa nova da tradicional canção inglesa Scarborough fair.
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INSTRUMENTAL
ITIBERÊ ZWARG & GRUPO
Identidade
Delira Música
O amálgama de jazz e ritmos brasileiros, a ousada harmonia bitonal e a inspiração despertada por momentos triviais e encontros familiares. Em Identidade, Itiberê Zwarg, o parceiro musical mais frequente de Hermeto Pascoal, parte de uma gravação de infância para ir reconstruindo sua identidade sonora, ao lado de seu grupo musical (formado por familiares e amigos) – sem rédeas e com muito engenho.
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BLUES
RODICA
Blues is in my blood
Delira Música
As fontes são as mais variadas: soul, folk, R&B, jazz. Mas a argamassa que os une é o blues – na voz da cantora Rodica Weitzman, norte-americana radicada no Brasil, e da banda que a acompanha, a Blues Groovers. A interpretação da set list, que inclui compositores standard e contemporâneos, como ela própria (autora da faixa-título), conta com convidados conhecidos em nível nacional, em especial o gaitista Flávio Guimarães, integrante da Blues Etílicos.
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Foto: Reprodução via Google Imagens. |
SOLIDÃO E MATURIDADE
A/B dá a entender claramente que o repertório do novo disco de Vitor Araújo tem dois lados. As quatro primeiras faixas, nomeadas de Solidão, constituem o lado A; já nas quatro últimas, o virtuosismo substitui a compenetração durante o mergulho em águas agitadas caras a Vitor: o rock e os ritmos nacionais (o baião e o jongo, neste álbum). Porém, quem conhece o pianista recifense irá atestar que falar de "lado B" cai bem à trajetória artística. O Vitor Araújo que se arriscava a danificar as teclas do piano com seus pisões descalculados de All Star e magnetizava mais pela performance do que pela técnica não existe mais – graças ao Altíssimo. "Graças" porque pudemos transcender aquelas discussões polarizantes entre o gosto do grande público, conquistado pelo inegável carisma do músico, e as ressalvas da imprensa especializada, que se dava conta da infrutífera tarefa de explicar o que é uma interpretação crossover e uma intervenção numa partitura (estou incluso neste grupo). A ida para São Paulo afetou Vitor da melhor maneira possível, sem que isso queira dizer que as experiências lá possam ter sido somente boas – buscar expressar a solidão de quatro formas diferentes é algo sintomático –, mas então, quando surge esse tipo de questionamento, a prudência nos manda exercer o benefício da dúvida. "É arte tirada da vivência, mas tome isso como arte", talvez reforçasse Vitor, em sua timidez (pessoal, não nos palcos). Cabe dizer que ele não rompeu com nada do que tenha feito antes em termos musicais. Radiohead ressoa em Pulp. E Baião carrega muito da Dança do índio branco de Villa-Lobos, tão querida a Vitor (o ostinato de ambas as obras nasce no mesmo registro do piano, fora a similaridade nas figurações rítmicas da mão direita). Aliás, quem gostar de Baião, escolhida para o clipe de divulgação do disco, pode começar a ouvir, sem medo, Guarnieri, Santoro, Mignone e afins: é peça de genuína linguagem nacionalista dos anos 1930, com mais contemporaneidade nos toques acusmáticos de Yuri Queiroga – uma das participações especiais do CD, junto com Naná Vasconcelos, Rivotrill e Macaco Bong.
Todos os direitos reservados. Permitida a reprodução apenas parcial, salvo outra sob acerto prévio, citando-se a fonte e o link de origem em qualquer em qualquer circunstância.
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