Aaron Copland. Foto: Wikipédia / Reprodução. |
"Até se pode obter certo prazer ao se odiar a obra de determinado músico. Por exemplo, um dos ídolos de hoje, entre os compositores, Sergei Rachmaninov, me irrita. A perspectiva de me sentar para escutar uma de suas dilatadas sinfonias ou concertos para piano tende, francamente, a me deprimir. 'A que fim conduzem todas essas notas?', penso. Para mim, o 'tom' característico de Rachmaninov é de autopiedade e autoindulgência, tingido por uma definida melancolia. Como ser humano, posso compreender uma artista cujos arroubos produzem essa música, mas, como ouvinte, meu estômago não os tolera". P. 11-12
"Minha preocupação aqui com compositores de primeira linha como Bach, Beethoven e Palestrina não está destinada a sugerir que somente os maiores nomes e as maiores obras-primas são dignos da atenção do leitor. A arte musical, tal como a escutamos em nossos dias, se sofre por algo é por uma dose excessiva de obras-primas, por uma preocupação obsessiva pelas glórias do passado. Esse fato restringe o panorama de nossa experiência musical e tende a sufocar o interesse pelo presente, obscurecendo a muitos compositores excelentes cujas obras são menos que perfeitas". P. 18
"O indivíduo criador põe em relevo sua mais profunda experiência e estabelece uma cadeia de comunicação com seus congêneres sobre uma base muito mais profunda que qualquer outra coisa conhecida pelo mundo prático. A experiência da arte depura as emoções; através dela tocamos a ferocidade da vida e sua básica intratabilidade e, por meio dela, nos aproximamos, no mais, ao ato de imprimir a um material essencialmente intratável algum grau de permanência e beleza". P. 27
"Como todas as artes, a música possui um passado, um presente e um futuro, mas, contrariamente às outras artes, o mundo da música sofre os feitos de um isolamento especial: um interesse desproporcionado pelo passado e, ainda por cima, um passado muito limitado. As pessoas parecem pensar que o futuro da música é seu passado. Isso produz, como consequência maior, uma penosa falta de curiosidade quanto ao seu presente e um desconsiderado desprezo pelo seu futuro". P. 39-40
"A diferença entre Beethoven e Mahler é a diferença entre observar um grande homem enquanto caminha pela rua e observar um grande ator desempenhando o papel de um grande homem que caminha pela rua". P. 49
"Não é exagerado dizer que Berlioz inventou a orquestra sinfônica. Até sua época, a maior parte dos compositores escreviam para orquestra como se se tratasse de um quinteto de cordas ampliado. Ninguém, antes dele, havia encarado a fusão dos elementos da orquestra de maneira a produzir novas combinações sonoras". P. 50
[Tradução minha a partir da edição em espanhol pela El Aleph]
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