Na música antiga, a follia é uma forma de escrita musical onde compositores utilizam uma sucessão de acordes que formam uma linha melódica de baixo (tocada pelo cravo e o violoncelo) que se repete, com pequenas variações que aos poucos "se aquecem" ritmicamente. Esta deixa uma grande margem de liberdade aos intérpretes das linhas melódicas mais agudas (como a flauta e o violino), chegando a grandes demonstrações virtuosísticas.
A follia guarda um caráter de improvisação onde os músicos exploram todo um leque de afetos podendo passar pela euforia, fúria, melancolia ou alegria para expressar-se artisticamente. A origem desta dança é ibérica e foi mencionada pela primeira vez em 1511 no Auto da Sibilla Cassandra, de Gil Vicente, onde ele inclui a letra de uma folia cantada. Um século depois, em 1611, Sebastian de Covarrubias, no Tesoro de la lengua castellana, a define fazendo alusão ao êxtase provocado por este rítmo :
é uma certa dança portuguesa, muito barulhenta; (...) e é tão grande o ruído e o som tão apressado, que parecem estar uns e outros sem juízo. E assim deram à dança o nome de folia, da palavra toscana ‘folle’, que sgnifica oco, louco, insano (...).
Um dos maiores exemplos barrocos de virtuosismo é a Follia de Corelli, escrita originalmente para violino e transcrita para flauta doce ainda no século XVIII. A flauta doce era considerada como instrumento solista por excelência, assim como o violino, e esta transcrição é mais uma prova do grande prestígio que este instrumento gozava no período.
Ela será interpretada pela flautista pernambucana Rosangela de Lima, radicada na França há 13 anos. Mestre em música e musicologia pela Universidade de Paris - Sorbonne, recebeu os Premiers Prix de flauta doce (com unanimidade e felicitações da banca examinadora), flauta transversa barroca e música de câmara. Ela leciona na França, onde atua como intérprete em vários grupos especialistas da música antiga.
Durante o período de férias de verão europeu ela aproveita a estadia para reencontrar amigos e manter viva a tradição em música antiga no Estado de Pernambuco. Participarão também do concerto Viviane Pimentel (violino) e Andréia Rocha (cravo), professoras do Conservatório Pernambucano de Música que se dedicam ao repertório antigo e Michele Pimentel (violoncelo), que mora na Sérvia e atua como violoncelista na Orquestra Sinfônica de Montenegro.
Grupo Temperamentos
Rosangela de Lima – flautas doce e tranversa barroca
Viviane Pimentel – violino
Michele Pimentel - violoncelo
Andréia Rocha de Andrade - cravo
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Concerto de Música Antiga
Sonatas e outras Follias
Grupo Temperamentos - Rosangela de Lima
Sexta-feira, 16 de Agosto 2013, às 20h
Convento de São Francisco - Olinda
Entrada gratuita
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