terça-feira, 8 de julho de 2014

Mobilizando contra a Pólio no Brasil e em Angola


Camilla Sá Freire é jornalista e consultora da Unicef Brasil. Foto: Facebook.
Texto enviado por Camilla Sá Freire.

Aos oito anos de idade, comecei a acompanhar minha mãe nas campanhas de vacinação contra a poliomielite, que há pouco havia sido erradicada do país. Minha mãe achava que nós precisávamos participar desse processo para conhecer a realidade mais de perto, e por isso nos levava durante as campanhas carregando uma pequena caixa de isopor com vacinas, e observávamos o trabalho dos vacinadores.

Ao sair da faculdade queria ser voluntária em algum país da África na área da saúde, mas precisava de experiência profissional na minha área de atuação. Comecei então a me dedicar à comunicação em Saúde. No Ministério da Saúde desenvolvia material informativo para a população e para os agentes comunitários de saúde, depois desenvolvi trabalho semelhante na Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas.

Só com mais de 10 anos de formada, e alguma experiência na bagagem, vi a oportunidade de trabalhar como voluntária na África. Começando por São Tomé e Príncipe, com a comunicação para o controle da malária, depois em Angola, onde atuei no programa de erradicação da poliomielite por duas vezes. Na última, em 2013, fui responsável pela mobilização para erradicação da poliomielite em duas províncias e um município da província-sede, Luanda.

Mesmo sabendo que meu país erradicou a pólio há décadas, sei da importância da constante vigilância. Saber que ainda existem muitos países no mundo que não venceram essa luta me motiva a continuar colaborando. Sempre que posso, abro um tempo para escrever e divulgar sobre o tema. Sei que ajudei a vacinar muitas crianças, mas sei que ainda existe um grande trabalho a ser feito. Ser voluntária por esta causa é mais que um prazer, é uma obrigação profissional e moral.

[...] Conhecer a realidade de cada município e entender o que leva a família a não vacinar sua criança é o maior desafio, pois é através dessas informações que podemos basear a construção das campanhas para as diversas mídias. Outro grande desafio é levar informações aquelas comunidades mais distantes e que não tem acesso a televisão ou rádio. Quando se fala em trabalhar com um público tão diverso, o mais importante é fazer a mensagem chegar e ser entendida.

Nesse processo trabalhamos com as organizações da sociedade civil, os agentes de saúde, os voluntários e líderes da própria comunidade. Todos juntos conseguem fazer a informação ir adiante e alcançar a criança de uma área mais remota. Angola já está na reta final para certificação de erradicação da poliomielite, e para mim será um dia de muita alegria.

[...]

Todos os direitos reservados à autora.

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