sexta-feira, 2 de maio de 2014

Mulher não canta em falsete

Edson Cordeiro, sopranista. Foto: via Google Imagens.
Há alguns dias, o músico Rômulo Bartolozzi protestou - com toda razão - no Facebook contra uma desinformação repetida equivocadamente entre estudantes de música: mulher não canta em falsete, pois o falsete é um artifício da voz masculina para se equiparar ao timbre e à tessitura da voz feminina. Como explica Rômulo:

"Não faz sentido nem por produção, nem por nomenclatura! Falsetto refere-se à voz falsa feminina. É uma nomenclatura que se refere à voz masculina. O que chamam de falsetto feminino é simplesmente voz de cabeça, de que ambos os sexos gozam perfeitamente. E o mecanismo é ligeiramente diferente. Harmonicamente é diferente e a ressonância no corpo é diferente. Faria mais sentido chamar de falsetto feminino notas graves pras mulheres, produzidas artificialmente. (...) Ney Matogrosso é contratenor. Tem dois tipos de contratenor - o falsetista, que são geralmente barítonos ou tenores que tem um falsetto com bom treino o suficiente pra cantar peças nas tessituras de mezzo-soprano, soprano. E tem o contratenor nato, que por si só já é uma anomalia vocal geralmente ligada às questões hormonais. Homens de voz infantilizada."

Para saber mais, confiram entrevista que fiz com o contratenor Sérgio Anders, do grupo mineiro Musica Figurata, para o portal Movimento MIMO. Acima, no vídeo, a entrevista é para uma emissora universitária.

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Um comentário:

  1. Oi Carlos! Só pra complementar o que eu falei a respeito de forma informal no Facebook, eu coloco aqui uma pequena citação que achei entre livros, pra quem se interesse por mais dados técnicos:

    "A voz de falsete é produzida pelas proporções dianteiras das cordas que ficam livres pra vibrar (Sundberg, 1986) ... No falsete há uma média oclusiva menor e uma amplitude maior do que no registro normal."



    "... O falsete é uma forma de timbre ou um dos timbres usado pelo contratenor. Vozes assim educadas dirigiam seu estudo técnico para desenvolver o falsete, em lugar de aprender toda uma técnica equalizadora de registros."

    "Essa voz nada tem com o falsete (Voce Finta), pois há maior oclusão das cordas e maior gasto energético (não é meia voz). Este tipo de fonação é conseguido após a segunda passagem. Requer maior energia aérea e subglótica para que se produza o equilíbrio. Na sua produção, a laringe se posiciona alta. Deste tipo de fonação podemos passar para a voz plena. É uma forma de colorido vocal, pois não possui registro."

    TAGNIN, A. C. G. : O Milagre da Voz humana / Antônio Carlos Gotuzzo Tagnin. -- São Paulo : All Print Editora, 2010. 71, 87, 203, 210 p.

    Att.
    Rômulo.

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